domingo, 15 de novembro de 2009

Adieu?

Tenho pra mim que o tempo guarda seus imperscrutáveis mistérios a sete chaves. Desvendá-los? Tarefa vã! Nem para os mais destemidos é confiado decifrar o indecifrável, aceder ao inacessível ou proferir o inefável...
O Monsieur Temps sabe guardar muito bem seus segredos, tão bem quanto sabe torturar-nos com suas sutilezas e voracidades.
15 de Novembro. Ei-lo!!! Eu que pensava fosse tardar chegar quando dei à vida este blog. Assim um ano especial – quão mais que o bissexto – é o ano da França que no Brasil veio mostrar-se, a encantar-nos, revelando-nos suas proezas mais sublimes. Et pourtant, é com muito pesar que devo marcar neste post o fim desse ano tão especial e prodigioso, de duração imensuravelmente curta, a despeito de tudo que durante esse ínterim a eu lieu dans nos terres, un peu par tout.
Qual impetuosa ventania que me arrasou as pensées, me tirou o chão e me roubou as palavras. Não há – fica-me a a impressão – o que mais dizer, senão o soluço trépido anunciando o desamparo, o silêncio profundo e irruptível de desolo inconsolável. O ano termina e deixa concomitantes o sentimento de deleite por tudo o que de bom nos aconteceu e o pesar de ter acabado sem que se pudesse usufruir o bastante, como se teria querido. Pudera ser mais longo, pudera se repetir, pudera todo ano ser Ano – da França no Brasil toujours.
Shows e comemorações findam o Ano França.Br. Tal como começou, com júbilo et enthousiasme, ainsi se termine l'Année.



Je profite pour dire que j'envisage commencer en février prochain le cours d'allemand. Ce qui ne veut pas du tout dire que le lieu dans mon coeur réservé au français disparaîtra. Par contre, j'aimerai le français pour l'éternité, bien que j'apprenne d'autres langues. Je suis curieux d'étudier l'allemand et j'espère que j'en apprendrai bien des choses.

sábado, 7 de novembro de 2009

Biennal capixaba du livre

Começou na última quinta-feira a 4ª Bienal Capixaba do Livro, que vai até o dia 15 de novembro no shopping Norte Sul, em Jardim Camburi.
A novidade é que a bienal contará com a presença do grande Ziraldo, que é seu patrono. Além de preços reduzidos, em pelo menos 10%, haverá palestas com personalidades da literatura brasileira, como Moacyr Scliar, Cláudia Matarazzo, Bernadette Lyra, Ignácio de Loyola Brandão...
O objetivo da bienal do livro é essencial e grita face à conjuntura nacional: a de uma nação que lê 4,7 livros anualmente – média irrisória se comparada a países europeus, onde se lê infinitamente mais. Temos um trabalho árduo pela frente se quisermos chegar aos pés de nações leitoras. Há que se considerar o trabalho de muitos educadores, empenhados no incentivo à leitura, desenvolvendo bons projetos a fim de tentar fazer com que nossas crianças e jovens descubram o prazer dos livros. Não podemos, contudo, parar por aí. Essa é apenas uma parte do trabalho... e o caminho é longo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

“Tarantino não merece a nossa odisseia”

No silêncio calado do fim da saga, os personagens da vida real, Pablo e Thaiss, viam a jornada chegar ao ocaso – de um dia que não viu a luz do Sol.
E o silêncio calado foi então interrompido por um comentário carregado de sentido, pelo menos para quem o proferiu intrépido:
- “Thaiss, Tarantino não merece a nossa odisseia!!”
Rimos.
Três horas antes, os personagens audaciosos que desafiaram a tempestade para ver o mais novo feito de Tarantino estavam mergulhados naquela trama cativante. A melodia lhes maravilhava. A sinfonia de quatro línguas diferentes sendo faladas num mesmo filme era um entorpecente viciante. Incontinenti se foram quase três horas sem se o ter percebido. Filme bom é aquele que prende, não até dizer chega, mas a deixar um gostinho de “quero mais”.
Os dois heróis que enfrentaram mares revoltos e tempestades bravias para ver os Bastardos Inglórios em cena, saíram de seu estado estático – mas não do extático – e puseram-se a discutir suas impressões passionais de leigos maravilhados, qual criança quando ganha pirulito.
A conclusão a que chegaram é que as discussões custam findar em torno desse chef-d’œuvre multilíngue. Se jurados, a trilha sonora é 10, o cenário é 10, o roteiro é 10; conjunto e evolução, nota 10. Recomendações, mil.
Da sala escura para o lado de fora, fomos recair em nós e cogitar o quão tenebroso não devia estar o tempo do lado de fora, visto que já no corredor de saída da sala de cinema havia uma poça d’água vazando de algum lugar.
- Imagina como a coisa deve estar lá fora, Pablo!
- Nem quero pensar nisso agora, Thaiss. Frua o deleite da “pós-sessão” por ora e deixe estar.
Fizemos ainda uns minutos de parcimônia até a decisão derradeira de debandar.
Ao sair do shopping, qual não foi a surpresa que o dilúvio estava no seu apogeu. Fomos varridos pela chuva e embargados numa tentativa frustrada de atravessar uma poça da largura do rio Negro. Foi então que Thaiss resolveu recorrer ao “disk deady save us!”.
Foram muitos os percalços. Mas “o importante é que emoções eu vivi”.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Umidade absoluta do ar

A cabeça convulsiva, um monte de coisas a fazer. Bilhetes de rifas de formatura a quitar, livros pra ler, trabalhos da faculdade para cumprir. Sem falar nas provas porvir. Transtorno. Um fim de semana agradável – apesar de uma prova de inglês em pleno sábado. Após a prova, cinema. Fomos eu e uma amiga – a Thaiss – matar nossa ânsia para ver o filme “Bastardos Inglórios”, de Tarantino. Aliás, fica recomendado, porque é ótimo!
Como dizia, o último fim-de-semana até tinha de tudo para ser “bombante”, dado o feriado na segunda. No entanto, o dilúvio que atingiu nosso Estado desde a última terça-feira não dava nem sinais de trégua no alvorecer do fim-de-semana. Infortúnio. Não que não goste de chuva, principalmente quando ela vem aliviar esse calor dos infernos que tem feito. Mas as chuvas da última semana configuram um verdadeiro dilúvio, uma situação tão prosaica, que – pensei eu ledamente ser ocasião de render uma crônica – chegava a ser tragédia para muita gente.
Foi então que me pus a imaginar as situações prosaicas que deviam ter ocorrido durante o dilúvio. Eu, à ilustração, me deparei não poucas vezes com tais situações. O cômico marcou presença a gosto e contragosto. Uma semana molhada, afogada. Lembranças me vinham de estar por sobre bancos de pontos de ônibus, tentando não ficar ilhado, com um guarda-chuva aposto na expectativa de não tomar banho de lama dos veículos que passavam jorrando oceanos nos pobres transeuntes – entre os quais me incluo. Tragicômico, hilário, mais que úmido.
Em seco – em casa – água escorrendo pelo vidro da janela. À frente, a tela do computador. Eu defronte, dividido entre slides e textos para a prova de Teorias da Opinião Pública, tentando pensar uma boa pauta para o trabalho de Telejornalismo, twittando minhas angústias e a mão direita, eu a tinha entre o mouse e minha xícara de café.
Pensava ser o contexto bastante aos meus dilemas. Foi quando me dei conta: ainda tenho uma crônica para escrever!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Après quelque temps

Salut, cher lecteur!
Resolvi reaparecer aqui timidamente nesse iniciozinho de novembro – leia-se aqui último mês do Ano França.Br malheureusement – a fim de partilhar umas coisas.
Como usualmente há que se o fazer, já me detenho a justificativas. Pois é... fazendo um apanhado geral do que foi o tempo de atividade deste blog, tem-se que a segunda metade foi mais, muito mais timidamente ativa, quase passiva. Mas as razões já haviam sido outrora explicitadas aqui. C'est le temps, toujours le temps, ou plutôt son absence qui m'y rend très peu fréquent. Novembro então, é uma foule. Tenho feito muitas provas e trabalhos na fac, estágio etc... e tido pouquíssimo tempo para o lazer, para a vida extra-rotina. Não obstante, não é pour autant que vou permitir cresçam teias d'araigne no blog.
Deixo-vos, pois, ao sabor de duas crônicas fresquinhas, recém-saídas da fornalha. Escrevi-as hoje mesmo. Bem, sem delongas. O próximo post se impõe.

Cordialement,
Moi.

PS: À título de ilustração, o pano de fundo das crônicas é o dilúvio que nos acometeu há uma semana. Aqui no ES, muita gente ficou desabrigada, tendo havido enchente e diversos pontos de alagamento em decorrência de uma semana de chuva intensa e ininterrupta. Caos. Tento levar um "pathos" mais leve, conforme pede o texto de crônica, sem ressaltar o lado talvez perverso do cataclisma, mas o lado mais prosaico, valorando as coisas simples às quais os olhos desatentos não dão atenção na correria do dia-a-dia. Crônica é também – aprendi – sensibilidade e leveza.